Sensações, emoções não tão bem compreendidas. Histórias que, muitas vezes, estão incompletas e inacabadas. A angústia toca o peito, deixando mais uma vez as suas marcas. A respiração fica curta. As imagens sobrevêm à mente, vindo e indo numa velocidade inexplicável. Por vezes, somos tomados por estas experiências. Passamos a ser movidos por ideias confusas, emoções confusas, imagens já vividas e, ainda, por viver, de forma confusa. Somos governados por estas experiências, tornando-nos a elas passivos. A vida fica sem sentido. A vida parece estática. O que aparece é a ladainha de sensações, ideias, imagens e emoções que invadem sem avisar. A vida fica paralisada quando somos tomados e envolvidos por estas ‘arquiteturas afetivas’.

Mas, o que são as arquiteturas afetivas? Assim como as arquiteturas de uma casa, de um lugar que são feitas de paisagens, de formas que dão as aparências que nos tocam, nos afetam, temos as arquiteturas afetivas. Elas são feitas com tempo. Cada arquitetura afetiva tem a sua história. As palavras e frases que ouvimos desde pequenos trazem consigo ideias e formas de ser que são ‘engolidas’ e que são guardadas de diversas formas. “Estude para ser alguém na vida”: esta proposição traz consigo uma imposição, ou seja, a de que não somos ninguém se acaso não estudarmos. Esta proposição traz consigo, também, emoções implícitas, movimentando ideias, por sua vez, implícitas e que fazem parte desta mesma proposição. Talvez, as ideias que passamos a ter com o estudo, com o trabalho, com outras atividades, sejam acompanhadas de emoções imperativas. Estas são emoções que trazem consigo as marcas do peso, da cobrança, da autopunição, do medo, da autoculpabilização em não saber dar conta de tudo, do sentimento de inadaptação às situações frustrantes, sentindo-nos incapazes, pois, aprendemos que seria preciso dar conta de tudo, de termos os melhores resultados em tudo… para que, assim, pudéssemos existir… [estude para ser alguém na vida…].

No entanto, aprendemos a engolir tantas outras proposições. Estas proposições com o tempo vão sendo esquecidas. Elas passam a fazer parte de nossas formas de ser. Elas irão integrar as arquiteturas afetivas, ou seja, os conjuntos de formas de sentir, pensar e de agir que aparecem em cada situação em que vivemos. Passamos a ser governados por emoções, ideias e imagens que se tornam confusas… passamos a ser escravos delas. Assim, temos a emergência dos sintomas. Eles aparecem como as músicas que são mais como ladainhas. Pensando na episteme musical, diremos que uma ladainha nunca muda. Ela é uma música que retorna ao seu início e continua de uma mesma forma. Nada muda numa ladainha. Os sintomas são como ladainhas.

O que faz dos sintomas serem sintomas é o seu aspecto repetitivo. Assim como as ladainhas que não trazem nada de novo, os sintomas aprisionam cada um nas mesmas sensações, nas mesmas emoções, nos mesmos sentimentos, nas mesmas ideias. Elas passam a desejar o igual, pois, têm medo da novidade, têm medo de viver o inédito da vida. Elas aprenderam, desde pequenas, a reproduzir a vida, reproduzir o que está pronto. Não aprenderam a produzir as suas vidas de forma inéditas. Seguiram as proposições que foram aprendidas desde muito tempo, aprenderam formas de ser com seus pais, parentes, vizinhos, na escola, nas inúmeras instituições, formando arquiteturas emocionais cristalizadas e que se transformaram em sintomas.

Numa tarde atendi uma pessoa querida e dialogamos sobre a questão da produção dos sintomas. Em meio à nossa experiência reflexiva chegamos juntos à uma ideia: ‘transformar sintomas em poemas’. Este é um trabalho que fazemos há tanto tempo juntos. A arte de transformar os sintomas em poemas é o de dar outras formas para aquilo que sentimos, pensamos e nas inúmeras formas de ser que cristalizam as nossas vidas. Cada forma de ser, cada sentimento, cada ideia confusa poderá devir, poderá se transformar em arte. Poderá se transformar em poemas, em quadros, em músicas.

Arte que torna-se‘o filho’ que foi gestado a partir daquilo que, antes, paralisava, cristalizava a vida, tornando-a sem sentido, ou seja, os sintomas transformados em vida, ganhando novos movimentos a partir de uma ‘Ciência Estética’, advinda da perspectiva, da episteme da arte. Assim, Nietzsche nos ensina: Sem música a vida não faria sentido. Sem a arte a vida ficaria desprovida de alma.

Experimente transformar os sintomas em arte. Faça da sua vida uma obra de arte. Na Escola da Vida [EcoVie] nós proporcionamos esta experiência. Entre em contato: paulo.tarso.peixoto@gmail.com <mailto:paulo.tarso.peixoto@gmail.com>

Abraços,

Paulo-de-Tarso