Em breve começaremos a ouvir os candidatos a Presidente da República exporem seus planos de governo. O temário é mais do que sabido, pois é o mesmo de sempre: segurança, saúde, educação… Esse temário, embora fundamental em qualquer sociedade, está mais do que carcomido e parece não sair do lugar – ou melhor, sai, mas parece ser para trás. Nossa segurança está em frangalhos, com mais de 60.000 homicídios/ano. A saúde, está caindo pelas tabelas; quem tem plano de saúde, embora a preços caros, ainda consegue algo, mas quem precisa do serviço público sofre muito. E a educação deixa a desejar – basta ver o triste lugar do Brasil nos rankings internacionais. Mas, novamente ouviremos as mesmas ladainhas, como as temos ouvido há décadas.

Há ainda uma sensação generalizada de que o país como um todo não está bem. Parece que estamos indo de marcha a ré. Enquanto os outros países melhoram, nós estamos piorando. É como uma dor não muito bem localizada, como aquele mal-estar que sentimos de vez em quando; não se sabe bem o que é, mas sentimo-nos doentes. E isso está acontecendo na sociedade brasileira. Basta conversar com as pessoas por aí. Não veem o céu azul; ele está cada vez mais cinzento. Às vezes, temos a impressão e o temor de que estamos “venezuelizando”.

O paradoxo é que os problemas são urgentes, os políticos prometem resolvê-los em médio prazo, mas há uma percepção geral de que a porta está se fechando e que levará uma eternidade para haver alguma mudança substancial. O que está errado? Numa coisa todos concordam: os problemas são graves e urgentes. Mas será mesmo que é preciso essa eternidade para resolvê-los? E será que os políticos têm competência e conhecimento, e estão certos quando prometem resolvê-los no médio prazo? E por que entra ano sai ano e nada acontece?

É claro que as respostas não serão dadas aqui nem por ninguém de forma cabal. Porém, num cenário de luz se apagando, talvez seja didático olhar para exemplos internacionais que talvez nos sirvam. É possível ver que diversos países saíram de situações complicadas em um tempo razoável. Vejamos alguns casos. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, em 30 anos (1986-2016) o PIB (Produto Interno Bruto) per capita do Brasil aumentou 4,0 vezes, enquanto que o de países tão distintos como o Chile aumentou 8,8 vezes e o da Irlanda 6,4 vezes. Mas o da Nigéria aumentou 10,1 vezes, o da Coreia 10,2 vezes e o da China 31,9 vezes! Embora os países sejam muito diferentes entre si em termos de população, tamanho e características territoriais, tipo de cultura, língua e história, nível de base nos diversos aspectos sociais e de produção, etc, é razoável ignorar suas experiências?

Não seria interessante darmos uma espiada nesses países e ver quais foram as ações estratégicas adotadas que levaram a tão expressivos crescimentos em apenas uma geração? Fica a sugestão aos candidatos, políticos e tomadores de decisão para que levantem a cabeça, abram os olhos e olhem para o mundo. Há muito a aprender com o mundo; basta conhecimento, vontade e ação.

* José Epiphanio, Pesquisador aposentado