Conforme relatos dos moradores, apenas o telhado foi retirado e nada mais foi feito no local - Foto Wandeley Gil

Há algum tempo, moradores da região serrana aguardam pela reforma da Estação Ferroviária de Glicério. Um morador que prefere não se identificar conta que no meados do ano passado a Prefeitura chegou a iniciar a obra de reforma do local, mas que está parada.

“Na verdade eles não fizeram nada a não ser tirar o telhado. Essa semana passei próximo ao local e pude verificar as paredes em ruínas e conforme eu disse, só o telhado foi retirado. A gente espera que de fato a obra seja feita. Trata-se de um local histórico”, disse o morador.

Ainda de acordo com relatos, o prédio chegou a receber algumas obras.  Chegamos a ver profissionais da prefeitura fazendo a retirada das telhas. Nossa expectativa era de que o prédio seria recuperado e ganharia nova aparência, mas atualmente a única coisa que se vê é o aspecto de abandono. É muito triste e lamentável ver um patrimônio histórico assim”, relatou outro morador.

De acordo com dados históricos, a Estação Ferroviária de Glicério, ramal daquele distrito, foi aberto como ponta do ramal em 1891, partindo da estação de Macaé, na linha do litoral. Com apenas duas estações, ele foi desativado no dia 2 de novembro de 1961, sendo extinto oficialmente em 22 de agosto de 1963. Várias fontes dão como razão da existência desse ramal uma futura ligação com a cidade de Nova Friburgo pela Leopoldina, fato que jamais se realizou. Durante algum tempo chamou-se “Crubixais”, voltando depois ao seu nome original. Finalmente, em 1961, a estação foi desativada sob muitos protestos e até ações de violência. O prédio da antiga estação também já foi usado em festas locais e como casa de cultura. Hoje, totalmente abandonado, corre o risco de desabar.

Mas não é apenas na Serra que os patrimônios históricos estão abandonados. No Centro da cidade, o Palácio dos Urubus – interditado há mais de 20 anos – também segue em ruínas. A infraestrutura do local está cada vez mais danificada e se tornou motivo de preocupação para quem passa pelo local. De acordo com dados históricos, o casarão, construído por dezesseis escravos na época do Império, começou a ruir na década de 70, quando a Defesa Civil interditou o imóvel. Atualmente, apenas a fachada principal está de pé, escorada por tapumes para esconder os escombros.

Mais uma vez, procurada pela redação do Jornal, até o fechamento da edição a Prefeitura não havia se pronunciado sobre a demanda da Estação Ferroviária de Glicério

Vale lembrar que, em meados do ano passado, moradores se mobilizaram para chamar a atenção das autoridades no sentido de salvar o patrimônio histórico. De acordo com informações, no final de julho, centenas de pessoas promoveram um abraço simbólico na Estação com o objetivo de conseguir divulgar a necessidade do restauro do prédio da antiga unidade ferroviária, que se encontra em vias de desabar. O ato foi uma iniciativa da Associação de Moradores da Serra de Macaé, com o apoio do Instituto Vida Sustentável.