Loteamento situado no Parque Aeroporto carece de serviços básicos, além de falta de lazer e saneamento

Situado entre o Parque Aeroporto e o São José do Barreto, o Novo Eldorado é um pequeno espaço pouco conhecido para muitos. A localidade passa despercebida, principalmente, pelo poder público que só aparece em época de eleição, conforme denunciam os moradores.

Inconformados com o abandono, essa semana um grupo de pessoas que mora na localidade procurou a equipe de Bairros em Debate para mostrar os transtornos que eles enfrentam no cotidiano e também cobrar das autoridades as melhorias que há anos são prometidas mas nunca cumpridas.

Entre as reclamações está a falta de limpeza, manutenção das ruas, saneamento básico e também a tão sonhada praça, que nunca saiu do papel. “Nosso bairro está abandonado. Nem o básico vem sendo feito. Estamos esquecidos pelo poder público. Canso de fazer pedidos na prefeitura e parece que entra por um ouvido e sai por outro porque melhoria que é bom, nada”, desabafa o morador Carlos Resende, que reside no local há 12 anos e conhece de perto os problemas do bairro.

Projeto de praça é promessa de mais de uma década

Lazer é sonho antigo

Um direito de todos, mas que é privilégio para poucos em Macaé. Assim como em várias localidades na Capital do Petróleo, no Novo Eldorado não é diferente: o bairro não conta com área de lazer. Segundo Carlos, a população, principalmente as crianças e jovens, conta apenas com duas opções: brincar na rua ou em alguma praça nos bairros vizinhos, como Parque Aeroporto, por exemplo.

“Hoje não temos um espaço com quadras, parquinhos. As opções mais próximas ficam a alguns quilômetros daqui. A rua não é o espaço adequado para as nossas crianças”, diz.
Assim como ele, o sentimento da maioria ali é de indignação com o descaso, pois, segundo Carlos, existe uma área pública, situada na rua Valmir da Conceição, destinada à construção de uma praça. Esse assunto foi, inclusive, pauta de uma reportagem do jornal O DEBATE em junho de 2009, no entanto, a promessa já existe há mais de uma década.

Enquanto o poder público não se movimenta e alega a falta de recursos para a construção, o espaço tem se tornado um lixão a céu aberto, estacionamento e até mesmo pasto para animais de grande porte. “É revoltante ver uma área tão boa sendo desperdiçada. Daria para construir uma boa praça, além de uma escola ou posto de saúde, que são carências aqui também. O terreno está abandonado. A prefeitura diz que não tem verbas, mas isso já é pedido de anos”, lamenta o morador.

Limpeza e manutenção das ruas são algumas pendências de curto prazo

Limpeza em falta

Um item básico para promover a qualidade de vida dos cidadãos, que pagam os seus impostos em dia, a limpeza tem deixado a desejar no Novo Eldorado. Sem receber o serviço de capina há um bom tempo, as ruas estão tomadas pelo matagal.
“As calçadas e meios-fios estão cheios de mato, impedindo a passagem das pessoas. Limpeza aqui dentro é zero. A gente cansa de solicitar nos órgãos públicos, mas nada”, relata.

Um terreno particular também tem gerado reclamações. “Os proprietários não cuidam da área e nem cercam, com isso as pessoas estão jogando lixo no local. Eles alegam que são os moradores que sujam, mas não é só isso. Está dando mosquito e ratos aqui na redondeza. Acaba que quem não tem nada a ver com isso está pagando”, reclama.

E não é só a limpeza que está em falta. A manutenção das ruas também carece de atenção da prefeitura. A grande quantidade de buracos gera reclamações. Na antiga Rua 26 com Maria Lúcia Piersanti uma cratera tem prejudicado o acesso dos veículos, inclusive os ônibus, que tiveram que ter a rota desviada para ela pois a via paralela não tem condições mais de receber fluxo de veículos pesados.

“Esse trecho cedeu devido ao peso dos ônibus. Está com risco de acidentes. Isso mostra que o serviço de manutenção é mal feito. As ruas são até hoje de paralelepípedo, mas a gente gostaria que fossem asfaltadas”, diz Carlos.

Pedidos à Mobilidade Urbana

Com a chegada de um grande empreendimento habitacional no bairro, os moradores da Rua Maria Lúcia Piersanti (antiga 61) reclamam dos impactos no trânsito. Segundo Carlos, que mora bem em frente ao condomínio, a falta de regulamentação do estacionamento e o intenso fluxo de veículos estão colocando em risco a segurança viária.

Diante disso, uma solução apontada pelos moradores é a mudança no sentido, que atualmente é mão dupla e passaria a ser único. “Eles fizeram isso na Nelson Corrêa Brum e poderiam adotar aqui. O que acontece é que os veículos vêm nos sentidos opostos e, em alguns trechos, como na entrada do condomínio, eles acabam ficando sem espaço para passar por conta dos carros parados na via. Como não há respeito no trânsito, alguns motoristas estavam subindo nas calçadas para desviar, correndo o risco de atropelar alguém e danificando o passeio. A gente aqui precisou colocar barras de concreto na calçada para não subirem mais”, conta Carlos, ressaltando que ele fez o pedido à prefeitura. “Abri a solicitação em fevereiro do ano passado e até hoje nada”, conta.

Ele enfatiza que ainda pediu a instalação de redutores de velocidade na via. “Os condutores passam em alta velocidade. É preciso colocar os quebra-molas para conter os apressadinhos antes que um acidente aconteça”, completa.

População pede linha de ônibus direta para o Terminal Central

Horário dos ônibus

Atendidos apenas por uma linha, a A63 – Novo Eldorado x Terminal Cehab, os moradores reclamam da demora dos ônibus, além da ineficiência da linha, uma vez que o trecho percorrido é pequeno e não atende as necessidades dos passageiros.

“O Terminal Cehab fica a poucos quilômetros daqui. Não vemos necessidade da única linha ir até lá, onde precisamos fazer baldeação. A gente fica de 40 minutos a uma hora esperando para percorrer esse trecho apenas e lá ter que pegar outro ônibus. O ideal seria ter uma linha direto para o Terminal Central”, diz Carlos.

Outro pedido é a demarcação do ponto na Rodovia Amaral Peixoto. “Só existe ponto na pista sentido Lagomar, no sentido Centro não tem abrigo ou sinalização, então a gente nunca sabe onde o ônibus vai parar”, relata o morador.

Esgoto sem tratamento

O saneamento básico é um item fundamental para promover a melhoria na qualidade de vida da população. Contudo, no Novo Eldorado isso não tem sido a realidade para muitos. Apesar de contar com rede coletora, os dejetos estão sendo jogados na rede pluvial, contaminando os recursos hídricos da cidade.

“Existe um problema na rede e hoje o esgoto não está sendo direcionado para alguma ETE. Isso ocorre na maior parte do bairro. Em alguns trechos os dejetos transbordam e ficam a céu aberto na rua, causando mau cheiro e colocando em risco a nossa saúde”, explica o morador.

Procurada, a BRK Ambiental informou que o bairro Novo Eldorado pertence o subsistema Aeroporto e que o programa de execução de investimentos no sistema de esgotamento sanitário na região está sob avaliação da prefeitura. Uma vez que o sistema de coleta e tratamento de esgoto estiver implantado, os moradores poderão conectar seus imóveis à rede de esgoto, garantindo a eliminação do descarte irregular de esgoto nos corpos hídricos.

O que diz a prefeitura

Procurada, a prefeitura disse que já está em processo licitatório a manutenção, implantação e estudo técnico com todos os itens necessários para implantação de sinalização vertical e horizontal, bem como redutor de velocidade. Tão logo se estabeleça contrato, a Secretaria de Mobilidade Urbana realizará o estudo para checar a viabilidade das solicitações realizadas.

A secretaria de Mobilidade Urbana destacou ainda que estuda a possibilidade de criação de linha saindo do Eldorado x Terminal Central, bem como a possibilidade de estender as linhas alterando, assim, o itinerário para fazer o atendimento.

Em relação à linha A63, ela está realmente atendendo a programação prevista que é de 40 minutos. No entanto, a secretaria está em constante diálogo com a empresa concessionária e avalia a possibilidade de aumentar a frequência.

Quanto ao esgoto, ela informa que a implantação do sistema de esgoto que atenderá ao bairro está prevista no programa que prevê o estabelecimento de esgotamento sanitário em toda a cidade. A região será atendida pelo subsistema Aeroporto, cuja implantação será realizada futuramente.

Já a Secretaria Adjunta de Serviços Públicos destacou que a ação de limpeza e manutenção é contínua no município. Os trabalhos na região estão dentro do cronograma e, até o final do mês, o bairro Novo Eldorado será contemplado.

A secretaria ainda informa que solicitações e reclamações devem ser realizadas pelo telefone (22) 2796-1235 ou pela Ouvidoria do município, por meio do site da prefeitura, no link intitulado Ouvidoria Geral. O contato também pode ser feito por telefone, no número 162 (ligação local e gratuita) ou no (22) 2772-6333. O atendimento ainda pode acontecer pessoalmente, na sede da Ouvidoria, que funciona no Centro Administrativo Luiz Osório, avenida Presidente Sodré, 466, primeiro andar.

A área de lazer, a prefeitura diz que a sua construção está em estudo.