Por Roberta Pennafort

Ciro Gomes, candidato do PDT à Presidência, disse nesta quarta-feira, 12, em sabatina no jornal “O Globo”, que em seu governo o general Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército, teria sido demitido por sua fala pública sobre a instabilidade política no Brasil, e “provavelmente pegaria uma cana”.

Conforme matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo no domingo, 9, Villas Bôas afirmou que “a legitimidade do novo governo pode até ser questionada” e que o ataque ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na quinta-feira, 6, “materializa” seu temor de que a intolerância e a polarização na sociedade afetem a governabilidade.

“No meu governo, militar não fala em política. Se fosse no meu governo, ele estaria demitido e provavelmente pagaria uma cana. Eu conheço bem o general Villas Bôas. Ele está fazendo isso para tentar calar as vozes das cadelas no cio que estão se animando, o lado fascista da sociedade brasileira”, afirmou.

“O general Mourão (vice de Bolsonaro) é um jumento de carga, que tem entrada no Exército. Quem manda nesse País é nosso povo. Tutela, sargentão dizendo que vai fazer isso e aquilo, comigo não acontecerá. Sob a ordem da Constituição, eu mando e eles obedecem. Quero as Força Armadas poderosas, modernas, altivas. Não quero envolvidas no enfrentamento do narcotráfico, isso é papo de americano”, disse o pedetista.

Ciro Gomes reafirmou na sabatina que é preciso revogar a Propostas de Emenda Constitucional (PEC) do teto de gastos para que se possa investir na saúde e na educação. Ele pontuou que “outros candidatos” querem entregar a saúde pública à iniciativa privada, privilegiando ricos em detrimento de pobres.

“O Sistema Único de Saúde é uma ideia generosa, que temos que preservar. Por mais que tenha ineficiência, o brasileiro tem que exigir que o Estado lhe dê saúde em qualquer nível de complexidade. Outros candidatos gostariam muito de entregar a saúde dos ricos ao setor privado, e o povo que continue se ferrando”.

Embraer-Boeing

O candidato do PDT voltou a condenar o acordo entre a Embraer e a norte-americana Boeing, para a criação de uma empresa para tocar a viação comercial da companhia brasileira. Ele considera o acerto “clandestino”, e disse que a reversão não seria uma quebra de contrato. “Nem a pau, Juvenal”, definiu.

Ao falar sobre a crise fiscal nos Estados, Ciro citou Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais e propôs um “redesenho do pacto federativo”, uma “grande negociação no atacado”. “O centro de gravidade da política brasileira não é Brasília, é a federação, Estados e prefeitos”.

O candidato do PDT criticou a desindustrialização do Brasil e defendeu a proteção de setores da indústria. Citou o presidente dos Estados Unidos por seu protecionismo contra importações: “Trump está errado e nós, brasileiros, estamos certos?” Ele defendeu “desratização” do Brasil ao falar das agências do governo aparelhadas politicamente. “As agências serão passadas pelo pente fino. Quem não for salvável será fechada. Eu falo com o Congresso.”