Nos últimos meses, prefeitura fez várias promessas para o Aterrado do Imburo, no entanto, nada foi cumprido

Enquanto a maioria da população prefere morar em bairros próximos a região central, muita gente escolhe viver em áreas mais distantes. Mas nem mesmo as áreas rurais estão de fora quando se trata de crescimento. Algumas dessas localidades vêm sofrendo uma forte expansão imobiliária.

Um exemplo disso é o Aterrado do Imburo, localidade onde a nossa equipe esteve pela última vez há cerca de dois meses. Apesar do pouco tempo desde a nossa visita, moradores voltaram a solicitar a presença de Bairros em Debate no local.

O que chama atenção é que a maioria dos problemas relatados é o mesmo de anos. Alguns deles poderiam ser solucionados de maneira rápida. Mas não é o que acontece. Segundo eles, apesar das promessas, eles dizem que o poder público tem estado em falta na localidade. Pelo contrário, pouca coisa foi feita nos últimos anos.

O bairro foi criado há pouco mais de 20 anos. Por estar situado a poucos minutos da Linha Azul, essa região vem crescendo ao longo desse tempo. Para se ter uma ideia, estima-se que hoje vivam uma média de 1,5 mil pessoas ali.

“O bairro está abandonado. Não é porque se trata de uma área rural que merece estar na precariedade que se encontra. O prefeito não tem algum olhar para o Aterrado? Eu, como morador, me sinto abandonado pelo poder público”, desabafa Alcemir.

Maioria dos moradores depende das caixas d’água comunitárias

Água ainda sem solução

Conversando com os moradores, é possível ver que o bairro ainda sofre com a falta de itens básicos, como a rede de abastecimento de água e o saneamento. Mesmo sendo um direito de todo ser humano, muitos cidadãos não têm acesso a esse recurso em suas torneiras. No caso do Aterrado do Imburo a água vem de caixas comunitárias instaladas em vários pontos do bairro.

“Elas são abastecidas duas vezes na semana com um caminhão-pipa de 15 mil litros. Isso dá menos de dois mil litros por cada uma, que tem capacidade de 5 mil litros cada. É muito pouco”, declarou o presidente da Associação de Moradores, Carlos José de Araújo Toledo, durante a nossa última visita. “O ideal seria, no mínimo, 45 mil litros para amenizar o nosso sofrimento aqui”, completa.

Se levar em consideração que a Organização das Nações Unidas (ONU) diz que 110 litros é a quantidade suficiente para atender a necessidade básica de uma pessoa por dia, no Aterrado do Imburo seriam necessários 165 mil litros para suprir a demanda de uma média de 1.500 moradores. Ou seja, os 30 mil litros, divididos pela população em sete dias, resultaria numa média de 2,85 litros por habitante, número que corresponde a 2,59% da meta estabelecida.

No último Bairros em Debate a prefeitura disse que o setor responsável enviaria uma equipe para avaliar a real necessidade, para tomar as devidas providências. “Até o momento nada foi feito”, lamenta uma moradora, que não quis se identificar.

Praça segue sem previsão de reforma

Praça precisa de manutenção

Desde o último Bairros em Debate, a lista de reclamações tem um item: a manutenção da praça. Ela é hoje a única opção de lazer para os moradores, principalmente as crianças. E são elas que estão correndo o maior risco na hora da diversão.

“A nossa praça está largada. Quase não se vê crianças ali devido as condições dela”, lamenta Alcemir.

O presidente do bairro fala que é preciso concluir as obras da estrutura onde ficam os banheiros e as salas, onde, até então, funcionava o projeto Educa Mais. “A praça do bairro continua em grande abandono. Os banheiros estão sem vaso sanitário e instalações em geral, os brinquedos estão todos quebrados”, relatou Carlos.

Do outro lado da rua, um campinho de terra também é outra promessa do governo. “Falaram que havia um projeto para cá, mas nunca mais tocaram no assunto”, completa.

No que se refere à área de lazer, a prefeitura disse recentemente que foi realizado o levantamento das necessidades de todas as praças do município, dando origem a um processo para a realização desses espaços. E encontra-se em fase de orçamento, segundo ela.

Em fevereiro a prefeitura disse que aguardava fim das chuvas para começar o recapeamento

Manutenção nas vias

Um dos maiores problemas atual é o acesso. Isso porque a estrada principal está cheia de buracos. Em alguns trechos o asfalto já não existe mais. “Está precária e ninguém toma providências. A política hoje está muito defasada em termos de olhar pelo povo. É tanto buraco que a gente não anda direito”, diz Alcemir.

E a falta de responsabilidade dos órgãos da prefeitura já causou transtornos ao morador. “Foi numa colisão com um desses buracos que eu me dei mal. Arrebentei o meu carro esses dias. Quem teve que arcar com o prejuízo foi eu. O bairro está largado”, conta.
Mas se está ruim onde o asfalto existe, onde não há pavimentação é ainda pior. “No local onde fica o ponto final do ônibus forma uma bacia de lama quando chove”, conta um morador.

Os investimentos feitos nessa área não representam apenas melhorias na questão da acessibilidade no bairro, mas também redução nos riscos à saúde pública, promovendo, consequentemente, a melhoria na qualidade de vida dos moradores.

Além disso, a manutenção das vias está prevista dentro do Código Brasileiro de Trânsito (CBT), que garante que é dever das autoridades promover um trânsito seguro e de qualidade. De acordo com o Art. 1º “O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse direito”.

Procurada em fevereiro, a secretaria de Infraestrutura informou que, com relação aos buracos, o serviço não havia sido realizado em função das chuvas. A ação seria realizada depois do Carnaval, assim como a capina nas ruas do bairro, o que não aconteceu até hoje.

Reforço na iluminação

Em tempos onde os relatos de violência só crescem, a falta de iluminação em algumas localidades em Macaé aumenta ainda mais a sensação de insegurança. Isso tem acontecido no Aterrado. Segundo Alcemir, alguns trechos do bairro precisam de reforço.

“Fica uma escuridão. Existe a preocupação com a segurança da gente, pois o bairro está crescendo e, consequentemente, a violência. Não temos segurança aqui”, diz ele.

Lembrando que o Disque Luz, pelo “156”, funciona de segunda a sexta-feira, de 9h às 20h. A ligação é gratuita quando realizada de um telefone fixo. Também está disponível o número (22) 99979-5226, que funciona como atendimento de demandas via WhatsApp.

O que diz a prefeitura

Procurada, a secretaria de Infraestrutura informou que a operação tapa-buraco é contínua no município. Os trabalhos, nesta semana, acontecem no Horto e, ao término, seguem para o Aterrado do Imburo. Ela ressalta que solicitações e reclamações devem ser realizadas pelo telefone (22) 2796-1235, ou pela Ouvidoria do município, por meio do site da prefeitura, no link intitulado Ouvidoria Geral. O contato também pode ser feito por telefone, no número 162 (ligação local e gratuita) ou no (22) 2772-6333. O atendimento ainda pode acontecer pessoalmente, na sede da Ouvidoria, que funciona no Centro Administrativo Luiz Osório, Avenida Presidente Sodré, 466, primeiro andar.

Quanto a água, ela disse que vai reforçar o abastecimento na localidade. Já a praça, explica que, no próximo mês, vai realizar uma ação no local, como pintura e manutenção em geral.

A Coordenação de Iluminação Pública destacou que, constantemente, tem ido ao bairro executar demandas, como: troca de lâmpadas, reatores, relé fotoelétrico ou a base e fios partidos. A última ação no Aterrado do Imburo foi na primeira semana deste mês de abril. Uma nova visita já está agendada para finalizar serviços no próximo mês (maio).

As solicitações de trocas de lâmpadas devem ser encaminhadas pelo telefone 156 ou WhatsApp (22) 99810-9845). Mas, se a necessidade é de instalação de postes e braços de luz, o morador deve fazer o pedido no Protocolo Geral da Prefeitura de Macaé, munida da identidade, CPF e xerox da conta de luz. O setor funciona na Avenida Presidente Sodré, 534 – Centro.