O Gabinete de Gerenciamento de Crise, na área de segurança pública em Macaé iniciou, na manhã de ontem (18), uma grande operação de ocupação no Lagomar. Quase 100 imóveis que foram construídos de forma irregular e tomados pelo tráfico de drogas serão demolidos no decorrer desta semana. O trabalho começou bem cedo e de forma pacífica. Por volta das 8h, as equipes das Forças de Segurança e do governo municipal iniciaram a demolição dos imóveis.

Uma área onde tem 96 habitações, também foram interditadas, inclusive, da diarista Luciene de Melo que mora no local há quatro anos com dois filhos. “Não sei como vai ficar a minha situação. Chegaram com o trator e caminhões e foram demolindo tudo. Desde o ano passado venho recebendo comunicado da prefeitura para comparecer na secretaria de Habitação, porém todo o processo de documentação para ser remanejada para o Conjunto Habitacional do Bosque Azul já foi iniciado, inclusive, a vistoria do apartamento já foi feita, mas a prefeitura pede para aguardar”, disse Luciene, afirmando que não sabe como está a situação do contrato de nova moradia, já que a sua casa no Lagomar foi demolida.

Desorientada diante de tanta movimentação por parte das autoridades, com olhos cheio de lágrimas, Luciene relembra dos confrontos registrados na semana passada no bairro. “Foram muitos tiros aqui no local. Minha família teve que se esconder debaixo da cama para não ser atingida por bala perdida. Na hora do confronto tinha muita criança brincando na rua, e a maioria teve que procurar esconderijo na orla da praia do Lagomar”, comentou Luciene.

Assim como Luciene, o motorista Ricardo Tavares também foi pego de surpresa e acordou assustado com a movimentação de máquinas e de policiais. Morador do bairro há dois anos não sabe onde vai morar.

“Não tenho destino. Não tenho contrato de moradia assinado para sair daqui do Lagomar. A solução é continuar na minha casa até que a prefeitura, junto com a secretaria de Habitação, solucione o meu problema. Na rua não posso ficar, porém estou receoso de ficar aqui no local já que a maioria dos moradores teve suas casas demolidas e foi embora”, destacou Ricardo.

Segundo informações da secretaria de Habitação, das 96 moradias demolidas, 40 estavam em local crítico, exatamente onde ocorreram os confrontes entre traficantes e Polícia Militar. As primeiras casas demolidas ficam na área de amortecimento do Parque Nacional da Restinga Jurubatiba. Essa área fica em frente a praia e é de preservação ambiental e recebeu uma atenção especial porque foram nesses imóveis que os traficantes se instalaram.

Isso aconteceu em dezembro do ano passado quando 101 famílias foram removidas dos imóveis e transferidas para o Conjunto Habitacional Prefeito Carlos Emir, conhecido como Residencial Bosque Azul. O trabalho contou com três tratores e quatro caminhões, agentes da Guarda Municipal, cães farejadores, Polícias Militar, Federal e Civil, além de assistentes sociais que fizeram o cadastro das famílias que permaneceram no local.

De acordo com o prefeito Aluízio Júnior, tem moradores que não querem sair do local por determinação do tráfico de drogas e que a intenção do governo é remover essas famílias para o conjunto habitacional e garantir saneamento básico, educação e bem-estar. “Precisamos proteger a área de restinga junto com a secretaria de Ambiente. Esses locais foram conflagrados pelo tráfico e de uma vez por todas pretendemos retomar para a natureza”, explicou o prefeito, que reiterou que as famílias que tiveram problemas nas documentações e contratos já foram sanadas e disse que todos terão os imóveis garantidos.