Quais são as emoções que se repetem frequentemente em sua vida? Quais são as situações que fazem despertar estas emoções? Com quais pessoas estas emoções são despertadas? Como você se sente ao viver estas emoções, sempre mais uma vez? Elas são emoções vitalizadas e alegres ou desvitalizadas e tristes? Com quais frequências elas são despertadas? Em quais intensidades?

Estas são as questões que trabalho frequentemente com os meus pacientes. Este é o trabalho que desenvolvo como musicoterapeuta, Gestalt-terapeuta, filósofo, artista dos afetos.

Em geral, as pessoas me procuram devido a alguma questão, alguma forma de sofrimento que impede a vida de fluir. A vida parece que perdeu o sentido. A vida parece ter perdido os ritmos dos fluxos vívidos e radiantes. Parece que a vida tornou-se paralisia, ansiedade, angústia, medo de ousar, medo de viver, confusão das emoções, não sabendo-se dar direções e identificar aquilo que é realmente importante a cada instante.

De pouco a pouco a vida pode se configurar desta forma. Milhões de pessoas se ocupam com milhares de coisas em suas vidas. Poucas se ocupam consigo, se ocupando com uma ‘população’ que as habita permanentemente, mas, que tem um desconhecimento enorme a seu respeito: o mundo das emoções.

Todas as pessoas que me procuram sabem que estão sofrendo. Sabem que muitas situações em suas vidas produzem os sintomas que sofre. No entanto, elas desconhecem o ‘como’ estes sintomas foram feitos. Elas desconhecem o processo de produção destes sintomas. Elas não conhecem de que formas estes sintomas se constituíram, de pouco a pouco, sendo tecidos em suas vidas. Não conhecem as ‘matérias primas’ que contribuíram para a emergência destes sintomas, ou seja, não sabem ‘com o que’ estes sintomas foram feitos. Não conhecendo, por sua vez, as funções e as finalidades destes sintomas em sua existência.

Com o tempo, os pacientes vão compreendendo que as inúmeras formas de medo [medo de ousar, medo de envolver-se com as pessoas, com um novo amor, com novas pessoas, com um novo emprego, medo de perder o que se conquistou, medo de se entregar numa relação, medo de dizer adeus, medo de descobrir novas possibilidades na vida, medo de ser potente e feliz… e tantos outros afetos que diminuem a potência de existir] possuem a função de manter a vida num grau de existência mínima. Esta é a experiência de conservar a vida, mantendo a vida em limites precisos, evitando-se novas experiências que possam desenvolver, crescer, potencializar novas possibilidades, novas descobertas, novos mundos a serem vividos. As pessoas ficam ‘institucionalizadas’ e ‘agarradas’ naquilo que já conhecem, ou seja, em formas de ser repetitivas, cronificadas e com pouca vitalidade. A vida parece não se mover em direção à vida, ela mesma.

Assim, as pessoas que me procuram desenvolveram formas de sentir, de pensar, de se emocionar, de agir, buscando se agarrarem às ‘certezas’ daquilo que se instituiu em suas vidas. As emoções passam, de pouco a pouco, a se repetir, pois, a vida tornou-se apática, sem texturas vitalizadas, sem variação no processo de contatar as experiências. Tudo parece repetitivo, sem graça, sem cor, sem gosto… perde-se o perfume da vida!
Compreender como este processo foi feito é fundamental. Compreender que cada sintoma, cada emoção tem a sua história torna-se um processo de uma educação dos afetos. Assim, convido aos meus pacientes a descobrirmos juntos as histórias de composição das ‘arquiteturas emocionais e afetivas’. Descobrimos juntos a desvelar e a revelar como as emoções se inter-relacionam com outras. Descobrimos juntos como as emoções se ligam às formas de ser repetitivas que se instituem a cada encontro, situação e pessoas.
Conheça este mundo que é tão teu: o mundo da sensibilidade e das emoções.

Grande abraço,
Paulo-de-Tarso