O resultado do primeiro turno das eleições gerais no Brasil representou o que parecia difícil de acontecer, dentro de um dos mais tensos e disputados pleitos da história do país.
Se o extremismo foi acirrado na batalha pela sucessão da presidência da República, no âmbito do Legislativo, a limpa garantida pela não reeleição de figurões da política nacional e de filhos dos presidiários da Operação Lava Jato, configurou os efeitos das mudanças que foram exigidas pela sociedade durante as manifestações nas ruas.

Hoje o conservadorismo representado pela defesa da família, da moralidade na gestão pública e o combate à corrupção, prega a palavra de ordem que conseguiu transformar, na reta final da campanha, as eleições no início de um processo de restruturação nacional, que implica ainda mais esforço de quem realmente passará pelo crivo das urnas.

É fato que há um clima intenso e desfavorável pela perpetuação de projetos de poder. Isso fica bem claro mediante a grande renovação determinada pelo eleitor na futura formação da Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Em que pese a força do extremismo, essa renovação, apesar de representar o resultado de uma inflexão profunda sobre os rumos políticos do país, ainda não configura o amadurecimento da democracia, algo que ainda precisa de muito mais tempo para ser alcançado.

De fato, a representatividade política nacional passa hoje por transformações impostas pelo eleitorado, que teve disposição de ir às urnas. Representando quase 45% das pessoas aptas a votar, a abstenção, os votos brancos e nulos, ainda é um recado a ser apurado pelos eleitos.

Se ainda é pequena a disposição da população de participar do pleito, é menor ainda a qualidade dos candidatos que almejam ingressar nas cadeiras dos poderes que representam a sociedade. E isso requer a permanência dos debates que tanto pautaram as redes sociais nos últimos dias.

Para alcançar o verdadeiro efeito da mudança, o Brasil não pode manter a polarização de ideologias, através de candidatos que incitam o ódio, propagam ataques baixos e fazem pré-julgamentos que abalam a ordem.

É preciso muito mais para devolver ao Brasil a prosperidade e o desenvolvimento que tirou milhares de pessoas da pobreza, e que devolveu dignidade a famílias carentes.
Com o início do segundo turno, o eleitor precisa reavaliar a opção de voto, principalmente aqueles que não deram crédito ao patriotismo de Jair Bolsonaro (PSL) e ao lulismo de Fernando Haddad (PT).

Entre lados opostos, o futuro do país está na decisão de quem terá disposição de reverter a recessão que só cresce quando não há respeito e diálogo.