Leandro Ribeiro, Arthur Scheles e Matheus Babi, são três dos jogadores oriundos do Aroeira que passaram pelo Serra Macaense e que vem ganhando cada vez mais evidência no futebol mundo afora. -Divulgação

É de um dos bairros mais populosos da cidade que o Serra Macaense teve a passagem de talentos do futebol

Vem do Aroeira, um dos bairros mais veteranos e populosos de Macaé, inúmeros jovens que passaram pela base do Serra Macaense Futebol Clube, o famoso ‘Verdão’ e, os que ainda sonham, em se tornar jogadores de futebol por amor ao esporte e por melhores condições de vida aos seus familiares.

Com passagem marcante pelo Serra Macaense, Leandro Ribeiro, atacante, atualmente na Coréia do Sul, é um destes jovens do bairro que conseguiram driblar os obstáculos dentro e fora dos campos.

“Colocava o chinelo no paralelepípedo para fazer as traves e ficava jogando bola até tarde. Aquele tempo era muito bom. A gente dava a vida por tão pouco, mas momentos que não voltam mais. Sinto muita falta de quando era criança. Hoje em dia a gente não vê mais isso, além de muito perigoso, tem muita quadra para jogar. Tenho muitos amigos até hoje do Aroeira, a gente troca ideia e lembra deste tempo. Sinto saudades de lá, da minha infância. Aprendi muita coisa neste tempo e sempre achava que porque era difícil jogar lá, no campo devia ser mais fácil, com chuteira e grama de qualidade. Na rua eu arrebentava meus dedos, mas nunca deixava de jogar. Minha mãe falava bastante, só que sempre tinha aquela bolinha no final da tarde”, revela.

Arthur Scheles, que joga como volante e que também defendeu o ‘Verdão’, antes da sua negociação com o time Avaí, de Santa Catarina, demonstra entender que a oportunidade é um dos segredos do local que revela tantos atletas.

“Comecei como todo moleque, me divertindo, na brincadeira, mas desde novo sempre sonhei ser jogador de futebol. Cresci jogando na rua, com meus amigos. Toda minha família é nascida e criada no Aroeira. Quando não estou em competição, fora da cidade, estou em casa, soltando pipa, confraternizando com o pessoal. É muito bom. Acho que o segredo do bairro é que a molecada foi criada solta, golzinho com chinelo, sem restrição, aprendendo na rua, da forma que tem que ser, jogando livre. O que ajudou bastante também foi que muitos tiveram oportunidade em projeto social e digo que ainda tem muito talento que precisa ser mostrado, mas está escondido no bairro”, afirma.

Já o Matheus Babi, artilheiro e destaque do Campeonato Carioca 2020, contratado pelo Serra Macaense recentemente, começou sua trajetória dando seus primeiros chutes no Morro São Jorge, situado no Aroeira, onde busca sua essência até hoje.

“A cidade de Macaé tem vários talentos, mas poucos tiveram oportunidade de seguir em frente, por alguma dificuldade. Sempre acreditei que um dia chegaria em algum lugar grande e nunca desisti de treinar, sempre batalhando, passando por cima dos problemas. Muita gente desiste no meio do caminho, por falta de ajuda. Eu comecei no Aroeira, no ‘terrão’ como a gente chama, pé descalço, muitos amigos de infância, com cinco, seis anos de idade. Hoje, no local onde nós jogávamos, tem uma quadra, mas antes era um aterrado, nós montávamos o golzinho e ficávamos jogando as ‘peladas’ entre amigos. Eu já me virava no meio dos adultos. Minha casa é no Morro São Jorge”.

Mário Ferro, diretor de futebol do Serra Macaense Futebol Clube. – Divulgação

Segundo Mário Ferro, diretor de futebol do clube, falar da importância do futebol na vida desses meninos oriundos do Aroeira, como o Leandro, Babi e Arthur, com as carreiras já consolidadas fica até fácil. Temos o Leandro com uma carreira consolidada no futebol sul coreano; o Babi, tendo a sua transferência sendo realizada para o Botafogo, devendo se apresentar nos próximos meses e; o Arthur, que em 2012 o tiramos de um projeto daqui de Macaé para colocá-lo no Internacional de Porto Alegre e, hoje, está no Avaí em busca de uma vaga no profissional.

“Após esses vem outros meninos dos bairros como Nova Holanda, Malvinas, entre outros, que fazem parte da base do clube. Temos um grande cuidado através do departamento psicossocial coordenado por Ivana Zimmermann e Tatiane Rodrigues, psicólogas, que fazem um trabalho voltado para esses meninos. A importância do futebol para eles é tudo hoje, visto que além de ser um sonho se tornar jogador de futebol, a gente trabalha muito também a situação do ‘não virar um jogador de futebol’, podendo ser um treinador, preparador de goleiro ou preparador físico, sempre dando importância aos estudos e ao o que eles vão ser na vida. Então o clube tem esse cuidado em cima desses atletas, sobretudo, os mais carentes, que são tão talentosos”, pontua.

Vale ressaltar que, seguindo o isolamento social e as medidas de proteção contra a propagação do coronavírus, apesar do clube estar com as atividades regulares suspensas temporariamente, a gestão segue se planejando internamente em prol da sua retomada, os atletas vêm participando de treinos virtuais para manterem seus condicionamentos e lives diversificadas vem sendo realizadas pelas mídias do time.