Os pontos de ônibus ficaram lotados de passageiros aguardando pelo transporte público nesta manhã de terça-feira (25)

E quem pensou que o processo eleitoral produziria apenas a sensação de descrença para a sociedade, mediante a falta de disposição dos candidatos em debater ideias, substituídas por ataques gratuitos e discursos de ódio, se enganou. A ganância pelo poder foi capaz de impactar, ainda mais, a rotina da população macaense.

Sem deixar de dar o devido crédito ao movimento legítimo de greve iniciado na quarta-feira (27) pelos profissionais que atuam no transporte público, é preciso contextualizar a paralisação do serviço mais essencial à rotina da Capital Nacional do Petróleo, a batalha por votos na cidade.

Na semana passada, a equipe de fiscalização da Justiça Eleitoral, com o suporte da Polícia Federal, notificou um candidato a deputado estadual, que tentou pregar palavras de ordem contra o sistema, em meio aos rodoviários locais.

Esse impasse foi suficiente para estourar o estopim de uma batalha que envolve a dependência do município pelo único modal de transporte disponível ao universo de 150 mil usuários diários, a sustentabilidade do programa social do subsídio da passagem a R$ 1, e de uma relação dúbia e pouco transparente, que envolve a perpetuação do monopólio sobre o serviço, bastante controverso e questionável. Ao comprometer a rotina econômica local, bastante impactada pelos efeitos do retrocesso econômico, a paralisação do transporte representa ainda uma briga interna que envolve a ideologia política, baseada na garantia do voto. E não restam dúvidas de que isso não vai acabar bem.

Às vésperas da mudança significativa na logística do sistema integrado de transportes, com o fechamento necessário do Terminal Central, para as obras que são aguardadas há quase uma década, o governo precisará adotar medidas de negociação com a SIT, para que a empresa possa solucionar suas pendências com os funcionários, restabelecendo assim a ordem. E por mais que um decreto de Calamidade Pública no transporte tenha sido publicado pelo governo, os impasses que envolvem o serviço requer uma discussão muito mais profunda que a relação entre patrão e empregado da SIT com os seus funcionários.

Do abandono das duas composições do VLT ao desinteresse do governo em promover um amplo debate sobre o futuro da Mobilidade Urbana local, Macaé precisa resolver o estado de calamidade que há tempos o transporte público enfrenta.