No início do ano, o MTE projetou a geração de 1,8 milhões de novos empregos

No final do ano passado, com a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 3%, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) projetou a geração de 1,8 milhões de novos postos de trabalho formais para 2018, ou seja, de carteira assinada. No entanto, no mesmo período, consultores e especialistas já se mostravam mais moderados na concretização desses números.

Enquanto no início do ano, o MET projetava a criação de 1,8 milhões de vagas formais; a Tendência Consultoria Integrada projetava 1 milhão; a Go Assessoria, 980 mil; o Banco Fator S.A., 930 mil e a Fundação Getulio Vargas, 767 mil. Toda essa moderação ao realizar as projeções foi por entender que para atender essas expectativas seria necessário um aumento do nível de investimento no país, além da elevação da produtividade.

Embora as projeções ainda fossem de geração de vagas, em abril, os indicadores econômicos ficaram abaixo do esperado e fizeram com que a expectativa dos especialistas sobre desses número fosse ajustada para baixo. O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), por exemplo, reduziu de 700 para 500 mil sua previsão de criação de empregos formais.

As informações referentes ao aumento da informalidade no mercado de trabalho nos dois primeiros trimestres do ano, adicionadas aos reflexos da greve dos caminhoneiros, acabaram gerando um segundo ajuste nessas projeções. A FGV reduziu novamente o número projetado de 500 mil novos postos para 460 mil. Foi uma redução de mais de 300 mil vagas do era esperado pela FGV em janeiro.

No início do ano, o mercado de trabalho realmente estava muito instável. Elaine Silva, de 36 anos, trabalhava há 12 anos como balconista de uma grande rede de farmácia e em janeiro foi demitida. Segundo ela, mesmo com tantos anos de experiência, está sendo muito difícil conseguir um novo emprego. “Eu já tenho sete meses procurando por uma nova oportunidade”, contabiliza. Elaine não tem ensino superior, apenas concluiu o ensino médio, mas acredita que essa dificuldade vai muito além da sua escolaridade. “Na minha opinião, a crise é o principal fator para essa realidade”, analisou.

A realidade de Andrey Oliveira é diferente de Elaine Silva. Ele se formou no início de 2018 e depois da sua colação de grau, demorou em média dois meses, para conseguir o seu primeiro emprego de carteira assinada. “Quando estava desempregado eu me sentia impotente e frustrado. Eu queria achar algo na minha área de formação, então, eu fui resistente em entrar em outro tipo de emprego”, contou.

Andrey é formado em Jornalismo e começou o seu processo de procura antes mesmo de estar formado. “Apesar de ter me formado no início de 2018, desde o final do ano passado eu já estava procurando vagas”. Hoje, ele já está empregado há seis meses e aconselha as pessoas que estão na mesma situação de Elaine. “Precisamos ir nos acostumando com os nãos. Uma coisa que eu sempre fazia, era ligar para as empresas depois da resposta negativa e pegar um feedback do motivo da minha não contratação, analisava a resposta, e se fosse válido, tentava melhorar para a próximas. A gente sempre pode melhorar”, aconselhou.

Apesar desse cenário, dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados notificou a criação de 344.057 novos postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre de 2018. Vale salientar que o surgimento desses postos são condicionados a diversos fatores, como sazonalidade, cenário econômico, cenário político, entre outros.